Tic-tac, tic-tac, tic-tac...
Quantas vezes já ouvi que o tempo parece voar, que tudo passou a correr, ainda ontem...
Não só ouvi como também o digo. Pois é, contudo, o "ainda ontem...", na realidade são meses ou anos que passaram e durante os quais eu e todos nós, na nossa atarefada vida quotidiana, não prestámos atenção a pormenores importantes.
A verdade é só uma, os anos continuam a ter doze meses, os meses trinta ou trinta e um dias (não esquecendo Fevereiro com os seus vinte e oito ou vinte e nove dias), os dias vinte e quatro horas, uma hora sessenta minutos e um minuto sessenta segundos.
Mas, afinal o que mudou? Porque razão, quando éramos crianças chegar ao Natal era uma eternidade e, agora, é um saltinho de pardal?
Mudou a nossa capacidade de encantamento, a nossa capacidade de prestarmos atenção à simplicidade, a cada pormenor do dia-a-dia, mudou a nossa capacidade de aproveitarmos cada momento sem pensarmos no que se segue como fazíamos em criança. Mergulhámos aos poucos ou abruptamente, dependendo da experiência pessoal de cada um, na agitação que a vida contemporânea nos oferece, no consumo inconsciente, na enorme quantidade de informação disponível, no medo de sermos excluídos pela falta de domínio tecnológico e das redes sociais.
E, assim, vivemos sem tempo para nada, mas tentando chegar sempre a tudo. E, assim, o que fazemos, fazemos, não com a mente no presente, mas sim a pensar já na próxima tarefa.
O tempo não voa, continua a passar como sempre passou, porém nós corremos no tempo tão depressa que só percebemos o risco de vivermos a dizer "ainda ontem...", quando a vida por qualquer motivo nos dá um abanão para abrirmos os olhos e o coração para aquilo que é realmente importante.
Tânia